É um grito de esperança que se ouviu desde o início da Igreja, repetido em tantas celebrações, em momentos significativos, desde o mais profundo sentimento dos Apóstolos, até ao final dos tempos. «Vem, Senhor Jesus!»
Grito tão sentido que mesmo o livro do Apocalipse, apontando numa linguagem simbólica para o «fim dos tempos», lido num contexto próprio das perseguições mais violentas à Igreja e como uma resposta para dar ânimo aos discípulos do Senhor, termina com essa mesma súplica, não em jeito de desabafo ou ameaça, mas verdadeiro pedido ao Senhor Jesus para que venha até nós, para que aconteça a Sua Vinda Gloriosa.
Mas, convém precisar o que se entende por «vinda gloriosa» do Senhor Jesus.
Primeiro, situamo-nos perante o anúncio e a realidade de Jesus que sobe aos céus, na Ascensão, anúncio feito aos discípulos («vou para o Pai»), que se cumpre quarenta dias após a Ressurreição. Após o contacto com os discípulos e de os ter fortalecido na fé que ressuscitara, Jesus regressa à glória do Pai, «onde está sentado à direita do Pai», como dizemos nessa mesma fé que também nós professamos.
A Ascensão de Jesus convida-nos a olhar para o céu, para o infinito, para a eternidade. A levantar os nossos horizontes, a olhar mais além deste mundo e desta caminhada que fazemos aqui, nesta vida. A acreditar que, se Jesus ressuscitou, também com Ele ressuscitaremos um dia. E mais, uma parte da nossa humanidade já se encontra com Ele nessa mesma eternidade. Porque sendo verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, ao subir ao Céu, levou consigo a nossa humanidade, mostrando aos homens que a verdadeira meta a que nos propomos, que o verdadeiro objectivo das nossas vidas, não é a morte, mas sim essa mesma vida sem fim, eterna, plena.
Mas, logo na Ascensão, quando os discípulos ficaram a olhar para o alto, lhes foi dito: «esse mesmo Jesus... virá do mesmo modo que O vistes subir para o céu». Logo desde o início a Igreja é convidada a esperar e a pedir com sinceridade essa mesma Vinda do Senhor, uma vinda que virá glorificar todas as coisas, dar-lhes sentido pleno, restaurar todo o Universo.
É esse restaurar todo o Universo, submetendo a si todas as coisas, como diz S. Paulo, que está escrito na fé que professamos, na imagem do «julgar os vivos e os mortos», julgamento não à maneira dos julgamentos humanos e da frágil justiça que os homens promovem, mas julgamento pela justiça e amor de Deus, que quer que todos os homens se salvem, cabendo ao homem aceitar ou não esse caminho de salvação.
Jesus, Rei do Universo, virá então reinar sobre todas as coisas, «e o Seu reino não terá fim». É esse mesmo reino que nós esperamos e pedimos, mesmo quando rezamos como o próprio Jesus nos ensinou e dizemos: «Venha a nós o Vosso reino»...
Mas, será que acreditamos também nós nesta mesma eternidade? E vivemos olhando essa mesma meta? É a vida eterna que esperamos, ou deixamo-nos prender e demasia pela ideia da morte, de um fim vazio e frio, tão anunciado por uma Humanidade sem esperança, demasiado aprisionada nos seus próprios medos e dúvidas?
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