terça-feira, 26 de março de 2013

Sinais da Palavra C Domingo de Páscoa

São Pedro, num discurso inflamado, dizia: «Vós sabeis o que aconteceu...». E sabemos. E o mundo de hoje precisa de ser recordado que se é Páscoa é porque Jesus ressuscitou! E que a Páscoa é mais do que uma oportunidade de férias, uma reunião das famílias, um voltar às terras de origem, os folares que se dão aos afilhados, ou o som das campainhas que acompanham os compassos que quase sem tempo percorrem as ruas das aldeias... Porque a Páscoa é esse terceiro dia em que Jesus ressuscita, em que os discípulos, como Pedro e o discípulo amado que correm para o sepulcro, o descobrem vazio e sentem renascer a esperança e a alegria. Porque a Páscoa é essa passagem da morte à Vida, que em Cristo é também a nossa passagem... E, por isso, olhamos e esperamos também nós essa esperança de eternidade, essa promessa feita realidade de vida sem fim... E, por isso, o Apóstolo Paulo convida-nos: «se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto»...E como é alta a nossa atitude de quem espera e acredita. E como é eterna essa alegria de saber que somos salvos e que caminhamos para a vida eterna... E como enraizados em Cristo viveremos com verdade a Páscoa... Aleluia! Alegremo-nos em Cristo vivo e presente no meio de nós...

Sinais da Palavra C Vigília Pascal

Nas trevas do desânimo e do cansaço em que vivemos tantas vezes, deixemos que seja a luz de Cristo, luz cheia de esperança e de vida, a iluminar os corações nesta noite em que a Vida vence a morte, em que o sepulcro fica vazio, em que Cristo ressuscita e nos dá a certeza de unidos a Ele também nós um dia ressuscitarmos... Porque esta é a noite da Luz e da Alegria! Porque esta é a noite da vitória da Vida sobre a morte! Porque esta é a noite de uma Igreja reunida para cantar louvores ao seu Senhor, vivo e presente em todos os corações! E, desde o princípio da criação do mundo, tudo se encaminha para este momento em que Deus vem reconduzir a Si uma humanidade perdida em si mesma, mas agora libertada, como o povo de Israel do Egipto, e agora é levada para a eternidade. E hoje, o povo não atravessa o mar vermelho, como recordado no livro do Êxodo, mas atravessa a própria morte, em Cristo, a caminho da vida renascida, do espírito que faz reviver, profetizados por Ezequiel. E São Paulo, escrevendo aos Romanos, vem-nos lembrar como tem um fundamento superior a alegria que hoje inunda a terra: «assim como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova». E aceitemos a certeza anunciada pelo Anjo do Senhor de que nos fala o evangelho de Lucas: «Porque buscais entre os mortos Aquele que está vivo? Não está aqui: ressuscitou»... Aleluia! Alegremo-nos em Cristo vivo e presente no meio de nós...

Sinais da Palavra Sexta-feira Santa

São belas e significativas as imagens de Cristo na Cruz, de um servo sofredor, que nos apresenta o livro de Isaías: «Ele suportou as nossas enfermidades e tomou sobre si as nossas dores»; «pelas suas chagas fomos curados»; «Maltratado, humilhou-se voluntariamente e não abriu a boca. «Como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda ante aqueles que a tosquiam, ele não abriu a boca»... Mas, as imagens de Isaías não pretendem impressionar, nem causar em nós uma piedade que nada mais traz. Pretendem lembrar-nos o valor desta mesma entrega, a força deste «servo» que Se oferece por todos nós, para que as suas feridas curem em nós as feridas do pecado, para que a sua morte vença a nossa própria morte. E mais do que ficarmos com pena diante da Cruz, as palavras do profeta devem provocar em nós o agradecimento e a verdadeira adoração de quem reconhece e aceita, em Cristo, a Salvação... E como a Cruz, ainda hoje, é uma linguagem de difícil compreensão. Mas, como fala tão fortemente, como o «tudo está consumado», as últimas palavras de Jesus na Cruz, no evangelho de João, ressoam ainda hoje em todos os corações que procuram compreender o que diz a epístola aos Hebreus: «Apesar de ser Filho, aprendeu a obediência no sofrimento»... E façamos nossas as palavras de quem se entrega, de quem diz: «Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito»... Que o silêncio e a força da Cruz nos levem à Salvação...

Sinais da Palavra Quinta-feira Santa

Já não é mais a carne e o sangue dos cordeiros que o povo de Israel oferecia todos os anos, recordando a Páscoa Judaica, cumprindo o mandamento dado a Moisés e a Aarão. Já não é um sacrifício novo todos os anos, celebrado em memória dessa libertação do Egipto. Mas, como lembra São Paulo, escrevendo à comunidade cristã de Corinto, é o que recebemos do Senhor Jesus que celebramos. E não apenas recordamos, mas celebramos verdadeiramente o que o Senhor realizou, «na noite em que ia ser entregue». E, sempre que o fazemos, sempre que cumprimos o «fazei isto em memória de Mim», participamos também nós nessa entrega que Jesus faz de Si mesmo a todos os seus discípulos. E é o Seu Corpo e o Seu Sangue que agora recebemos, como memorial perene. E é o único e verdadeiro sacríficio, o da nova e eterna Aliança, do Cordeiro Pascal que celebramos. E, como nos lembra o Apóstolo, «todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciareis a morte do Senhor, até que Ele venha»... E, porque Ele nos ama até ao fim, no decorrer dessa ceia memorável, deixou-nos o exemplo a seguir: o Mestre que se faz servo, que nos ensina a servir na humildade e na entrega total, de quem «lava os pés» aos seus irmãos, de quem ama como Ele nos ama... Recebamos, também nós, esse Amor que se faz entrega no Seu Corpo e no Seu Sangue...

terça-feira, 19 de março de 2013

Sinais da Palavra C Domingo de Ramos

Aprendamos com o Senhor Jesus a obedecer, e a obedecer «até à morte e morte de cruz», como nos lembra São Paulo na sua carta aos Filipenses. Aprender a viver uma vida que não foge da ideia do sofrimento e da morte, porque sabe que em Cristo, eles são agora caminho de vida, caminho que passa pela entrega na Cruz, mas não termina aí: alcança a glória da Ressurreição… E acreditemos nesta vida que entregando-Se, que oferecendo-Se por nós na Cruz, nos convida a unir os nossos corações e a nossa vida a esses momentos tão fortes, tão significativos em que acompanhamos a Sua Morte e Ressurreição. Porque a Semana que agora se inicia, a Semana Santa é um forte convite a que nós cristãos não a vivamos na indiferença, mas aprendamos a seguir mais a Jesus Cristo, esse mesmo Senhor que acompanhamos na sua entrada em Jerusalém e olhamos na Cruz, quando diz: «Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito». E com o centurião, saibamos também nós exclamar, cheios de fé: «Realmente este homem era justo»… e anunciar ao mundo que da sua justiça, da sua vida dada por amor, todos nós recebemos a graça da salvação… Com Cristo, caminhemos rumo à Páscoa...

terça-feira, 12 de março de 2013

Sinais da Palavra C Quaresma 5

Aprender a ver, a cada instante da vida, a novidade de que fala o profeta Isaías, quando, falando em nome de Deus, diz: «Olhai: vou realizar uma coisa nova, que já começa a aparecer; não a vedes?»… Mas, aprender a ver não apenas com os olhos, mas com um coração que acredita e vive… Porque o Senhor continua a fazer hoje maravilhas, em cada um de nós… Sentir a maravilha de um perdão, ainda que as nossas acções merecessem um outro castigo… Porque o seu amor nos dá sempre a possibilidade de uma nova oportunidade, de uma nova vida, dizendo-nos, como à mulher adúltera: «nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar»! A possibilidade de começar de novo… a novidade de viver então de uma forma diferente, afastando-se do pecado, aceitando o perdão de quem não olha para as nossas falhas, por mais graves e conhecidas que sejam, mas olha para o nosso coração, descobrindo nele um arrependimento verdadeiro e esta vontade de mudar… Como lembrava São Paulo, «uma vez que também fui alcançado por Cristo Jesus», não ficar parado nas minhas rotinas e falhas, mas avançar, correndo para este perdão, para esta vida nova que o amor do Senhor nos propõe, tomar a atitude a que nos desafia o Apóstolo, a sua própria atitude: «esquecendo o que fica para trás, lançar-me para a frente, continuar a correr para a meta, em vista do prémio a que Deus, lá do alto, me chama em Cristo Jesus»… Com Cristo, caminhemos rumo à Páscoa... Um desafio que nos deixa a palavra, esta semana: reconhecer a meta a que nos propomos, mudar algo em nós para que a corrida seja mais intensa… e aceitar a nova vida que Deus nos propõe, no seu perdão…

segunda-feira, 4 de março de 2013

Sinais da Palavra C Quaresma 4

Quantas vezes já não nos imaginámos no lugar daquele filho mais novo da parábola do evangelho, porque a isso fomos convidados. Aquele que pede a herança ao pai, parte para longe e destrói tudo na má vida, voltando depois de ter ficado na miséria… Aquele filho que nos é apontado habitualmente como exemplo de alguém que se arrepende e volta com humildade para o Pai… Mas hoje, não há tempo para o arrependimento… o filho estaria mais preocupado em arranjar desculpas para o seu comportamento, em culpar o pai tirano que não o deixava fazer o que queria e que impunha regras demasiado pesadas, em culpar os outros irmãos que não são o que parecem… Como para tantos, é importante arranjar desculpas para se afastar da casa do Pai, desta igreja que parece não ter sentido e da qual é tão importante hoje fugir… E voltar para pedir perdão? Grande sinal de fraqueza… Nem a fome hoje desculparia tal atitude… Porque não se sente a culpa pela acção feita, porque custa tanto reconhecer o próprio erro… Mas, o Pai, o mesmo da parábola do evangelho, continua hoje à espera de nos ver regressar, de nos ver ao longe para correr a nos abraçar… Aceitemos então o pedido de São Paulo: «nós vos pedimos em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus»… Com Cristo, caminhemos rumo à Páscoa... Um desafio que nos deixa a palavra, esta semana: fazer um verdadeiro exame à nossa vida, dar conta das nossas fugas como filhos, para então nos aproximarmos do abraço do perdão do Pai…