terça-feira, 25 de outubro de 2011

Sinais da Palavra A Tempo Comum 31

Na sabedoria popular, cedo se consagrou a afirmação: «muito bem prega Frei Tomás; olhem ao que ele diz e não ao que ele faz»...
E, num contexto em que cada vez mais se dá importância às aparências, à imagem social que se transmite, ainda que não corresponda em nada à vivência concreta, em que a vida de «glamour» e o «socialmente correcto» ofuscam e distraem da vida em concreto, o parecer torna-se tão mais importante, tão mais uma necessidade que o «ser»...
E a crítica que Jesus faz aos fariseus e aos escribas no evangelho aplica-se mesmo à nossa sociedade de hoje e a tantos que parecem cristãos, porque até fazem o mínimo, «estando na missa» ao domingo e pouco mais...
Ou aplica-se também a tantos que se prendem a títulos, ao parecer mais importantes, a uma atitude de superioridade de quem gosta de ser visto, aplaudido e bem tratado. A tantos que na sua «grandeza» exagerada não compreendem o verdadeiro sentido da humildade e da entrega desinteressada... Como estão longe das palavras de São Paulo: «fizemo-nos pequenos no meio de vós»...
E é necessário combater a tendência a fazer acepção, a rodear-nos daqueles de quem gostamos, dos que nos interessam mais, mesmo que seja só pela amizade. A palavra e a entrega da nossa vida tem de ser para todos, como lembrava o profeta Malaquias: «não temos todos nós um só Pai?»...

Que o Senhor a todos abençoe...

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Sinais da Palavra A Tempo Comum 30

Muitos dirão que não passa de um belo ideal: «amarás o teu próximo como a ti mesmo»... Um belo sonho, um óptimo objectivo, mas tão pouco concretizável...
Outros, irão desculpar-se com a crescente baixa auto-estima: se não gostam de si mesmos, como poderão gostar dos outros, ajudá-los com o bem?
Alguns, irão utilizar o argumento da pouca rentabilidade: que benefício irão ganhar com o amor ao próximo? Quanto lhe pagarão por isso? E a ideia de um pagamento na eternidade não os convence. A serem pagos, que o sejam já... e o mundo parece «pagar» tão bem a desonestidade, a maldade e o passar por cima de tudo e de todos...
Logo desde o princípio, ao povo de Israel, eram apresentados no livro do Êxodo alguns conselhos a seguir neste amor ao próximo, lembrando mesmo que ainda que fosse justo, não se pode privar o pobre e o mais fraco da sua dignidade, recordando sempre como Deus, na sua misericórdia, protege sempre o mais desfavorecido, «a viúva e o orfão»...
Por isso, Jesus, no evangelho, recorda que logo a seguir ao amor a Deus «com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu espírito», vem o amor ao próximo, um amor que não é de «restos», conveniências e momentos, mas é um amor tão verdadeiro como o que nós próprios esperamos...
E que não pode ficar apenas nas palavras, em ideais, em projectos para «amanhã»... mas tem de ser vida concreta, real, verdadeira...
Que esse amor, como a fé dos Tessalonicenses que São Paulo exalta, se divulgue «em toda a parte», sendo verdadeiro testemunho cristão...

Que o Senhor a todos abençoe...

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Sinais da Palavra A Tempo Comum 29

Como tantas vezes nos deixamos iludir pelos elogios deste mundo, pelas palavras enganadoras que parecem nos acariciar e conduzir à tentação de esquecer o que é verdadeiro e o real objectivo das nossas acções, da nossa caminhada...
Como há tantas intenções veladas, escondidas por detrás de uma maldade que, contudo, não podem afectar um coração recto, capaz de seguir a verdade, de se entregar totalmente a Deus, que nos esolhe, que nos protege na «actividade da nossa fé», no «esforço da vossa caridade» e na «firmeza da nossa esperança», como lembrava São Paulo.
Também a pergunta dos fariseus a Jesus escondia as suas verdadeiras intenções, mas a resposta não deixa lugar para dúvidas: «dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus». Porque a Deus devemos dar toda a nossa vida, enquanto que ao mundo damos as suas preocupações, que não nos devem prender...
Embora, como nos lembrava o profeta Isaías ao recordar que Deus escolhe Ciro, rei da Pérsia, para libertar o povo de Israel do exílio, Deus serve-se continuamente do mundo para nos mostrar o Seu Amor feito salvação. E é também no mundo, na vida do dia-a-dia, que lhe devemos mostrar o nosso amor, que lhe devemos dar a nossa própria vida, dando «a Deus o que é de Deus»...

Que o Senhor a todos abençoe...

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Sinais da Palavra A Tempo Comum 28

Porque há algo tão mais importante...
Como São Paulo, saber viver «na pobreza» e «na abundância», em toda e qualquer situação de vida, com mais ou menos preocupações... Saber não perder o rumo da eternidade, seja em que circunstância for. Saber viver a vida do dia-a-dia olhando a vida plena, a vida eterna, onde nada faltará... Um pouco a imagem do banquete fausto e pleno que apresentava o profeta Isaías, em que «Deus enxugará as lágrimas de todas as faces e fará desaparecer da terra inteira o opróbrio que pesa sobre o seu povo»...
E somos convidados para esse mesmo banquete, para essa vida sem fim, pelo próprio Deus, em seu Filho Jesus Cristo... Mas, tantas vezes como os convidados da parábola do evangelho, arranjamos desculpas e a nossa vida fica presa a tantas coisas, impedindo-nos de aceitar esse mesmo convite, de participar nesse banquete eterno...
Quando afinal, nos é pedido tão pouco: baste que nos apresentemos com o «traje nupcial», aquele mesmo traje ou veste branca que recebemos no nosso baptismo...
Porque somos escolhidos, chamados e convidados por este mesmo Jesus que Se nos dá em banquete... Porque é n’Ele que tudo tem sentido e tudo devemos viver...
À maneira de São Paulo, também nós podemos concluir: «tudo posso n’Aquele que me conforta»...

Que o Senhor a todos abençoe...