sexta-feira, 28 de maio de 2010

Com novidade, continuar a apresentar…

               A reacção do ser humano perante algo novo é sempre uma incerteza, uma surpresa incontornável, que, de acordo com uma maior ou menor abertura de espírito, será integrada (e rapidamente deixará de ser novidade) ou rejeitada (ainda que sempre assimilada, nem que seja apenas no conceito).
Esta constatação não pretende ser um tratado psicológico. Se for observada à luz do quotidiano, facilmente se verá a sua veracidade, até nas mais pequenas novidades que diariamente nos são propostas…
Alguém referia o Evangelho como algo sempre novo. É certo que não está preso no tempo, nem perdeu a sua novidade perante um mundo que dele ainda tem tanto a assimilar, que obstinadamente ainda o desconhece. Nele, podemos encontrar algo da nossa vida, podemos retirar sempre algo para a nossa vida… ou seja, talvez o truque seja fazer dele a nossa vida…
Mas, apresentar a novidade do Evangelho não é uma proposta de renovação de algo que nunca perdeu a sua novidade. Nem tão pouco procurar interpretações que, em busca de uma aparente novidade, o contradigam na sua essência ou nos afastem do seu verdadeiro espírito.
Apresentar a novidade do Evangelho é lembrar Alguém que hoje continua a ser o mesmo de ontem e de sempre, Alguém que Se continua a oferecer pelo mesmo Amor sem medida e intemporal… E isso, é sempre novo.
Embora o mundo apregoe uma busca insaciável de novidade, rapidamente se vai deixando aprisionar nas teias da comodidade e da rotina, criando mecanismos mais ou menos definidos e, por vezes, imperceptíveis. E, quem vive no mundo, vai-se habituando a estes mesmos mecanismos, vivendo esta imagem ilusória de novidade… Até aqueles que, ao serviço do Evangelho, o querem apresentar na sua novidade, mas com os mesmos mecanismos de sempre…
Apresentar a novidade do Evangelho não é uma tentativa de o reescrever… É usar toda uma nova linguagem, toda uma nova possibilidade que o mundo tecnológico e mediático oferecem… Ou seja, em última análise, aproximá-lo de um mundo que, sendo-lhe cada vez mais distante, o irá reconhecer como mais próximo, como mais seu, pela novidade da abordagem.
Colocar as novidades tecnológicas e de comunicação ao serviço da pregação e do anúncio do Evangelho não pode continuar a ser visto como um capricho dos «mais novos» ou de meia dúzia de visionários que nunca passarão disso. Tem de ser cada vez mais uma possibilidade, um novo caminho para o Evangelho de sempre, o que já foi visto por alguns «mais velhos», como até alguns documentos pontifícios o provam…

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