«Encarnou pelo Espírito Santo e no seio da Virgem Maria se fez Homem...»
Mistério central na nossa fé: a Encarnação do Verbo de Deus. O próprio Filho de Deus que assume a nossa carne, a nossa natureza humana, a nossa vida neste mundo, com uma finalidade: realizar o desejo supremo do Pai que todos os homens se salvem, participando pela graça da vida eterna do Filho.
Afirmar esta verdade de fé, tão importante que sempre que ela é dita no Credo os fiéis devem fazer uma inclinação de reverência e adoração, é lembrar, primeiro, a acção do próprio Deus, Espírito Santo, desde a Anunciação do Anjo até ao nascimento do Senhor. É pelo Espírito Santo que Jesus vem ao mundo, assume a humanidade. É um acto pleno de amor, de um Deus que outrora dera a vida ao ser humano e agora, tornando-se humano, dá nova vida àqueles que assim assume como irmãos. Mas é também lembrar, de forma inequívoca o papel fundamental da Virgem Maria, mulher de coragem que assume com a sua vida este papel de «porta de entrada» de Deus no tempo e na história humana. Ao dizer sim a Deus, na Anunciação, Maria disse o sim de todos os crentes, de todos os homens que aceitam e acolhem Deus nas suas vidas...
«Também por nós foi crucificado, sob Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado...»
Poderia Deus salvar-nos de outra forma, que não a morte na Cruz? Na sua infinita sabedoria, tudo seria possível... Mas quereremos nós melhor lição de vida do que este amar sem medidas, até ao ponto de dar a vida, e não de qualquer forma, mas de uma maneira que pela sua violência e pela forma como era interpretada, não deixa espaço para dúvidas?
Ama-nos desta forma, até este ponto... Mais, ensina-nos a ser filhos de Deus, filhos obedientes como Ele o foi, «obedecendo até à morte e morte de Cruz», como nos diz S. Paulo. Ensina-nos a nós, que tantas dificuldades temos em saber obedecer, em fazer as coisas desinteressadamente, em saber amar sem limites ou sem esperar nada em troca...
Morreu, para que nós vencêssemos com Ele a morte. Deu a sua vida, não por obrigação, para que nós por gratuidade alcançássemos a vida. Estendeu os braços sobre a Cruz para que nós estendêssemos o nosso olhar para a eternidade.
E como todo o ser humano, foi sepultado. Também para nos ensinar, a nós que temos dificuldades em nos separarmos daqueles de que gostamos, em sepultarmos os nossos familiares e amigos sem nos deixarmos cair no desânimo e mesmo no desespero, que por Ele, tudo não termina aí, na frieza e escuridão do sepulcro. Ensina-nos que há vida, mesmo onde tudo parece falar de morte, que há esperança, mesmo nos momentos de maior dor e sofrimento.
Por amor, desde o nascimento até à Cruz, o Senhor Jesus ensina-nos a viver...
E poderíamos perguntar-nos: e de que forma nós apreendemos esse ensinamento? De que forma ele transforma a nossa forma de viver? Como olhamos nós para esta vida que aqui nos é dado viver? Conseguimos aprender este amor de quem ama até ao fim? Conseguimos descobrir a força que brota da Cruz? Conseguimos ter em nós este olhar de eternidade?
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