quinta-feira, 27 de maio de 2010

Eu Creio II - A vontade de acreditar…



Acreditar -  
1.
considerar como verdadeiro, aceitar, admitir

2.
dar crédito a; ser fiador de alguém

3.
conferir poder ou autoridade a alguém para se fazer representar; credenciar

4.
considerar possível a realização de

5.
ter fé, crer

Estas são as definições para este verbo, encontradas no Dicionário da Língua Portuguesa.
Mas, afinal, o que é acreditar? O que pressupõe dizer «eu acredito; eu creio»?
Em todas as definições, uma constante: a vontade inicial do próprio sujeito de realizar esta acção, o que equivale a dizer taxativamente, que ninguém acredita se não quiser.
O que nos conduz a esta reflexão sobre a vontade de acreditar…
E a primeira ilação a tirar é a da pouca consciência que os que dizem acreditar têm de que isto é, primeiro que tudo, resultado da sua própria vontade, um acto voluntário e consciente que se traduz numa tomada de posição perante algo ou alguém e que traz consequências.
Acreditamos porque o queremos, porque desejamos dizer como verdade algo, porque é da nossa vontade pensar e afirmar uma realidade…
Para melhor entender tudo isto, olhemos para o início, para os princípios da Igreja, quando esta e os seus membros eram perseguidos: alguém descobria Jesus Cristo, conhecia-O através das palavras transmitidas; procurava conhecê-l’O melhor, descobrir mais sobre Ele e a sua mensagem; convertia-se e tomava a decisão de O seguir, de ser seu discípulo, ainda que isso implicasse que a mudança na sua vida fosse total e radical, até ao ponto de a pôr em risco…
Agora, confrontemos com o que significa hoje: não fazemos grande esforço para descobrir ou conhecer a pessoa ou a mensagem de Jesus Cristo, limitamo-nos a guardar algumas das coisas que nos vão dizendo desde a infância; no momento em que nos é proposto que conscientemente e já como adultos digamos que somos seus discípulos (habitualmente, no sacramento do Crisma) é quando nos afastamos e deixamos de Lhe ligar grande importância; e as mudanças que nos propomos fazer na nossa vida, são, em geral, no sentido de quem se afasta cada vez mais…
Até porque está fora de moda dizer que se acredita, que somos discípulos de Alguém que nos confronta com tantas coisas do nosso mundo, das quais nos tornámos seguidores sem mesmo o pensar bem…
Não se pode dizer que se acredita sem viver isso mesmo que se diz…
Para reflectir, algumas palavras do sacerdote jesuíta, Dário Pedroso, conhecido pelos muitos livros dedicados à juventude e aos grupos de jovens, em orações, jogos e reflexões, no seu último livro «Diálogos com Cristo»:
«É a graça de Te (Jesus) conhecer por dentro, de Te amar com amor determinado, que nos levará ao encantamento, ao desejo de imitação, ao serviço sem reserva, ao amor apaixonado».

Como poderemos dizer que acreditamos, se ainda não descobrimos Aquele em quem acreditar?

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