quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Sinais da Palavra Santa Maria, Mãe de Deus e Epifania

Com o início de um novo ano, surgem também novas expectativas, novas intenções, novas forças...
Mas, habitualmente, ainda nem se arrumaram as decorações de Natal e toda essa novidade parece já esgotada... e o ano novo, rapidamente o deixa de ser, e passa a ser apenas e só mais um ano...
Desde o seu início, a liturgia diz-nos que ele é uma bênção do Senhor, desse mesmo Deus – Menino que para nós nasce e que Maria, a Mãe de Deus contempla com amor, guardando tudo em seu coração, convidando-nos a esta mesma atitude...
A atitude de todos os povos da terra que são também eles envolvidos nesta mesma luz de salvação, que vêm trazendo os seus presentes, a sua vida... Que vêm adorar o Menino Jesus, guiados pela estrela da sua luz...
Mas, é preciso, como os Magos, procurar essa mesma estrela, olhar com olhos de ver e pôr-se a caminho. E sentir a verdadeira alegria, como eles, de encontrar Deus na nossa vida, de lhe poder oferecer hoje, o ouro do que temos de mais precioso, a nossa vida, o incenso das nossas orações e da nossa adoração e a mirra dos nossos sofrimentos, da nossa humanidade...
E aprender a adorar Deus na humildade de uma criança que para nós, que para nos salvar, nasce...

Que o Senhor, o Deus – Menino, a todos abençoe...

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Sinais da Palavra Natal do Senhor e Sagrada Família

Somos nós hoje «o povo que andava nas trevas» e é convidado a descobrir, nesta noite e neste dia «uma grande luz»... Porque Deus nasce para nós.
Somos convidados a destruir pelo fogo «todo o calçado ruidoso da guerra e toda a veste manchada de sangue»... Porque «um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado».
São os nossos pés, hoje, os que caminham pelos montes do nosso mundo, sendo mensageiro «que anuncia a paz, que traz a boa nova, que proclama a salvação»... Porque a Paz brota em nossos corações.
E todos, todos os homens, todos os confins da terra são convidados a ver na pobreza e humildade do presépio de Belém a salvação do nosso Deus, o «Príncipe da Paz» que Se faz homem, o «Verbo eterno» que vem habitar entre nós...
Porque a graça de Deus se manifestou numa linguagem muito humana, porque agora o Filho de Deus vem viver a nossa vida humana. Porque Deus nos ama ao ponto de nos dar o Seu Filho, que nos ensina a nascer pobres e humildes, para que recebamos «da sua plenitude graça sobre graça» e também a nós seja dado «o poder de se tornarem filhos de Deus»...
Porque agora somos membros desta mesma família, a Sagrada Família, que contemplamos no presépio...

Que o Senhor, o Deus – Menino, a todos abençoe...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Sinais da Palavra Advento IV

Quantas vezes pedimos sinais, inclusive ao próprio Deus...
Fazemos a nossa fé depender quase desses sinais, de provas que procuramos desesperadamente, de pequenos momentos que façam renascer em nós esta capacidade de acreditar. Queremos sinais que nos dêem força, que nos mostrem que vale a pena, que a nossa esperança não é em vão...
Parece tão mais fácil a atitude que José tinha primeiramente pensado, perante a gravidez inexplicável de Maria: desistir. Abandoná-la em segredo para que não fosse condenada. Não ficar à espera de uma resposta que não iria agradar certamente. Perante o problema, «fugir»...
Mas, a voz do Anjo que aparece em sonhos é também a voz que nos diz tantas vezes para estarmos atentos, para procurarmos esses sinais que estão já entre nós, na nossa vida. Para acolhermos a gloriosa esperança do anúncio profético feito por Isaías, recordado pelo Anjo e que vemos cumprido na alegria do Natal: «a Virgem conceberá e dará à luz um Filho e o seu nome será Emanuel».
E, como José acredita, como nós somos convidados a acreditar, Jesus, o anunciado pelas profecias, «salvará o povo dos seus pecados»...

Que o Senhor a todos abençoe...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Sinais da Palavra Advento III

Continuamos à espera, neste tempo do Advento...
Mas, uma espera plenamente fundamentada, de quem sabe o que espera, de quem ouve as várias vozes que nos lembram que a vinda do Senhor está próxima...
O Apóstolo São Tiago diz-nos: «esperai com paciência a vinda do Senhor». E compara esta espera com a do agricultor, que «espera pacientemente o precioso fruto da terra», mas que o espera numa atitude de quem tudo faz, tudo prepara para que esse fruto possa surgir, um fruto que é tanto resultado da própria natureza como do seu esforço, do seu trabalho confiado.
Por isso, também a nossa atitude, é a de quem então trabalha pela vinda deste mesmo Senhor, de quem a aguarda de coração aberto, mas de mãos que lutam diariamente para que ela se torne realidade...
E diz repetidamente: «vinde, Senhor, e salvai-nos».
E di-lo com a alegria de quem vai renovando em si e nos outros esta mesma esperança. De quem sente e anuncia que é verdade o que dizia o profeta Isaías: «Aí está o vosso Deus... Ele próprio vem salvar-vos». E por isso, fortalece as mãos fatigadas pelo trabalho e robustece os joelhos vacilantes de quem vai caminhando nesta mesma esperança. E por isso, vai animando os corações perturbados...
E, como nos convida o Senhor Jesus, vai descobrindo os pequenos sinais desta mesma esperança pelo caminho... Porque é Ele a quem queremos esperar...

Que o Senhor a todos abençoe...

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Sinais da Palavra Advento II

«Tudo o que foi escrito no passado foi escrito para nossa instrução, a fim de que, pela paciência e consolação que vêm das Escrituras, tenhamos esperança», dizia São Paulo.
Não daquela esperança humana e vazia, quase um adereço, que dizemos ser a última a morrer, mas da própria atitude de quem nunca deixa de esperar, de acreditar que aguarda Alguém que virá, que nos acolhe na sua divindade e nos conduzirá em Si a esse Reino que há-de vir. Essa, a verdadeira esperança, nunca morre.
E, então, aprendemos cada vez mais a esperar... A esperar esses dias do Senhor que vem, nos quais nascerá a justiça e a paz para sempre. A esperar, com verdadeiro arrependimento, como convidava João Baptista, o Reino dos Céus que está perto; tão perto que todos o podem descobrir em Cristo Jesus e, n’Ele, abrir a porta dessa mesma eternidade feita esperança, feita atitude de quem espera, feita coração aberto a aguardar...
Aprendemos a esperar um mundo profético, apresentado pela profecia de Isaías, sem sinais de violência, de guerra e de sofrimento, onde não será possível o mal e todos poderão conviver: Um mundo onde a justiça será mais que uma palavra de que se desconfia ou algo que se pode comprar ou alterar consoante conveniências...
A esperar Jesus Cristo, esse rebento que surgirá, que transformará a realidade, a começar pelo nosso coração...

Que o Senhor a todos abençoe...

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Sinais da Palavra Advento I

Advento, um tempo que nos ensina a esperar, a olhar com esperança não apenas um futuro que desconhecemos, mas especialmente um presente que se faz missão de transformar, de semear Justiça, de anunciar o Amor, de construir a Paz...
Advento, um tempo que nos ensina a estar atentos, na atitude de quem espera sempre, vigilante e desperto, seguro do que espera, com a esperança de quem mantém o coração aberto...
Logo o profeta Isaías nos deixa o convite: «caminhemos à luz do Senhor».
São Paulo pede-nos por isso mesmo: «abandonemos as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz». Dessas «armas» que são instrumentos de quem quer partilhar essa mesma luz do Senhor com um mundo que não pode perder a orientação, que não pode continuar adormecido, perdido no sono dos sem esperança, embalado por uma correria desenfreada em que se transformaram as vidas contemporâneas, entorpecido pela falta de tempo para parar e «levantar a cabeça», olhando vigilantes para o Senhor que vem, porque «a salvação está agora mais perto de nós».
E não deixemos que este tempo de preparação seja uma surpresa, nos venha surpreender como o «ladrão» que vem arrombar a «casa» da indiferença dos nossos dias. Estejamos atentos e preparados.
Afinal, como diz o Apóstolo, sabemos «em que tempo estamos»...

Que o Senhor a todos abençoe...

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Sinais da Palavra Cristo Rei

«Damos graças a Deus Pai, que nos fez dignos de tomar parte na herança dos santos, na luz divina. Ele... nos transferiu para o Reino do seu Filho»... dizia São Paulo aos Colossences.
E se, no final de mais um ano litúrgico a nossa atitude natural deve ser a de agradecimento, a de quem louva o Pai pelo amor de todas as pequenas coisas, olhamos para o expoente máximo desse amor, Jesus Cristo, Rei do Universo, Senhor do tempo e da história, por quem nos é dada a entrada nesse Reino que há-de vir, «reino eterno e universal, reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz», como lembra o prefácio deste domingo.
E cada ano, cada dia que passa, cada momento vivido é um passo mais nesta caminhada de quem, com alegria, se vai dirigindo para a casa do Senhor, para esse mesmo Reino, onde em Cristo, a eternidade será uma realidade, cumprindo a promessa feita na cruz ao ladrão arrependido: «hoje estarás comigo no Paraíso».
Mas, na nossa mentalidade muito humana, muito presa a este mundo, custa-nos olhar para um Rei que faz da Cruz o seu trono e do Amor que se dá na própria vida a maior autoridade. Olhar a Cruz e ver o sofrimento de Alguém que morre para salvar, dificulta a imagem de realeza, de Cristo Senhor da própria Vida Eterna, no momento em que perde a sua vida humana, para que todos nós nos salvemos.
Onde está o ouro, o esplendor, o brilho, a autoridade, o reconhecimento dessa mesma realeza? Não é um Rei como os da história, ou os que ainda hoje são notícia...
Mas, que melhor forma de reinar se não unir em si e para todo o sempre os que ama, os que conduz, aqueles por quem deu a vida, abrindo-lhes a porta do seu Reino de Eternidade?

Que o Senhor a todos abençoe...

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Sinais da Palavra Tempo Comum 33

"Há-de vir o dia do Senhor", lembrava o profeta Malaquias.
E nesta expectativa de um dia que virá, não sabemos quando nem como, se vão desenrolando os anos, se vão passando os dias de uma esperança cristã que não se pode desvanecer, que não se pode deixar adormecer.
Esperamos o dia em que "nascerá o sol da justiça, trazendo nos seus raios a salvação". E esse sol que nascerá é Jesus Cristo. É a Ele que aguardamos, é Ele que dá sentido pleno às nossas caminhadas, às nossas vidas que n'Ele se transformarão em Vida Eterna...
Mas, quantos não disseram e dizem já: "sou eu" e "o tempo está próximo", enganando a esperança de muitos. Quantos não foram já amedrontados por falsas profecias de um fim, ou vivem aterrados com medo de sinais e desgraças que impressionam. Quantos não apresentam ainda hoje falsas "salvações", caminhos de facilidades e de uma ideologia que aponta apenas para os prazeres deste mundo e que fica sem resposta perante o "absurdo" da morte. Quantas profecias ocas e sem sentido, que no entanto, encontram lugar num mundo que foi perdendo a sua verdadeira esperança e se deixa embalar por estórias fantasiosas em que então o "fim" não deixará mesmo "pedra sobre pedra" de uma humanidade descrente...
E, enquanto aguardamos o que realmente importa, Aquele Jesus Cristo que virá iluminar os nossos corações, aprendamos com o exemplo de São Paulo e dos Apóstolos, trabalhando "dia e noite, com esforço e fadiga", merecendo não apenas o pão que comemos, mas também um dia, das mãos do Amor de Deus, a Salvação em que acreditámos...

Que o Senhor a todos abençoe...

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Sinais da Palavra Tempo Comum 32

Pouco ou nada sabemos sobre a eternidade...
Falamos da vida eterna, acreditamos na ressurreição, mas imediatamente são tantas as dúvidas que nos invadem, as perguntas que nos assaltam, as questões que se levantam: como será? Reconheceremos os que nos são mais próximos nesta vida? E como acontecerá essa mesma ressurreição? O que implicará?...
Afinal, tanto complicamos o que só um coração simples e humilde quer aceitar. É Jesus quem lembra, numa passagem do Evangelho, que estas verdades não são para os sábios entenderem, mas são reveladas, são aceites pelos pequeninos, pelos que em vez de levantarem dúvidas, se alegram com a eternidade, com essa vida sem fim junto de um Deus que ama, na Sua glória.
«Do Céu recebi... do Céu espero recebê-los de novo». «...mas o Rei do Universo ressuscitar-nos-á para a vida eterna». Com palavras como estas, os sete irmãos da história do Livro dos Macabeus, caminham para o martírio às mãos do rei da Síria, dando-nos um belo exemplo de fé numa vida sem fim, alcançada em Deus e na fidelidade à sua Aliança. E mostram, a uma sociedade temerosa como a nossa, que nem gosta de falar deste tema, que esconde todos os seus sinais, que afinal, não é a morte que devemos temer, quando esta é apenas uma passagem para a eternidade...
Às dúvidas levantadas pelos saduceus, Jesus responde com palavras que nós também hoje devemos aceitar: «na verdade, já não podem morrer... e porque nasceram da ressurreição, são filhos de Deus». «Não é um Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos estão vivos». Se, em Deus viveremos para sempre, se n’Ele alcançaremos a vida sem fim, de que temos medo afinal?

Que o Senhor a todos abençoe...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Sinais da Palavra Todos os Santos

É rodeado pelas multidões, pelos discípulos que com Ele querem aprender, que Jesus nos dá a magna carta, a realidade suprema das Bem-aventuranças...
Caminhos de felicidade eterna, que são contrários às pequenas e passageiras alegrias propostas pelo mundo.
Para quem quer ser feliz para sempre, ser bem-aventurado, ser santo, as Bem-aventuranças são o caminho a seguir:

Ser pobre, para receber a verdadeira e única riqueza...
Ser humilde, para alcançar a grandeza de possuir a eternidade...
Chorar, para que a consolação venha de Deus...
Ter fome e sede de justiça, para se saciar em pleno no Reino de Deus...
Usar de misericórdia, para que também a saiba receber...
Ser puro de coração, para ver a Deus face a face...
Promover a paz, para ser um com o Pai, na eternidade, como filhos...
Ser perseguido por amor da justiça, para que por esse mesmo amor alcance a verdadeira liberdade em Deus...
E viver desta forma, apenas porque sabemos que a recompensa, essa verdadeira santidade, será imensamente maior em nós...

Que o Senhor a todos abençoe...

Sinais da Palavra Tempo Comum 31

Se o mundo inteiro é para Deus como um grão de areia na balança, como a gota de orvalho que de manhã cai sobre a terra, o homem perde o seu teimoso orgulho, como ínfima parte dessa mesma imensidão...
Mas logo o livro da Sabedoria nos lembra que, mesmo infinitamente pequenos, cada um de nós é amado por Deus, ao dizer: «Vós amais tudo o que existe e não odiais nada do que fizestes». E acrescenta o valor do perdão: «Mas a todos perdoais, porque tudo é vosso».
E como Jesus nos mostra este rosto tornado humano do perdão de Deus. Como a sua predilecção se volta para os pecadores, para os esquecidos da sociedade. Como o seu olhar se volta para o pequeno Zaqueu, que, subindo à árvore, O procurava ver...
E é Jesus que toma a iniciativa do perdão, ao dizer: «Eu hoje devo ficar em tua casa». E hoje nos diz a cada um de nós: «devo ficar no teu coração, na tua vida»... Mas, esta iniciativa de Jesus, este olhar de perdão, tem de levar a uma transformação da vida, como Zaqueu mudou o seu próprio olhar, dando e restituindo a quem tinha prejudicado. E como também nós temos tanto a mudar, pela força deste mesmo perdão que nos é dado...
Quanto à vinda gloriosa do Senhor é São Paulo que nos recorda: «não vos deixeis abalar facilmente, nem alarmar...». É com esperança que também nós dizemos: «Vem, Senhor Jesus»!

Que o Senhor a todos abençoe...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sinais da Palavra Tempo Comum 30

«Meu Deus...»
Assim começam tantas das nossas preces, dos nossos desabafos, das nossas admirações...
Mas, o que se segue, terá a marca da humildade de quem se reconhece pequeno e por isso se volta para a força de um Deus que ama, ou a altivez de quem quer comprar esse mesmo amor, querendo lembrar a Deus o que Ele já conhece, todas as coisas boas que faz?
Afinal, o que é verdadeiramente rezar? Elevar o nosso coração até Deus, sem artifícios ou máscaras criadas ou elevar o orgulho de quem se julga merecedor, mediante tudo o que já vive, de quem julga poder exigir de Deus seja o que for?
Logo, desde o Antigo Testamento, nos é dito: «A oração do humilde atravessa as nuvens e não descansa enquanto não chega ao seu destino». E é assim que devemos aprender a rezar, com essa mesma humildade de quem não vive apenas para «impressionar a Deus», numa vida vazia de sentido, mas de quem tudo faz e vive, apenas pela força do amar...
Para que no final, depois de uma vida em que tudo é uma constante oferta ao Amor de Deus, esse Amor que nos dá até a própria vida, possamos dizer como São Paulo: «Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé».

Que o Senhor a todos abençoe...

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Sinais da Palavra Tempo Comum 29

«Mas quando voltar o Filho do homem, encontrará fé sobre a terra?»
Primeiro, a certeza de que o Senhor virá e a sua vinda será justiça para todos, mesmo para os mais desprotegidos, para os esquecidos de uma sociedade onde até a justiça parece comprada.
Mas, fica a dúvida: será que existe fé? Essa mesma atitude de quem espera, de quem aguarda com todo o coração essa mesma vinda, com a paciência e a perseverança de quem não se deixa vencer pelas injustiças, mas pede a vinda da Justiça, mas une a sua voz à oração da Igreja, ao dizer «Vem, Senhor Jesus!»?
A nossa resposta, mais do que dizer que acreditamos, é a resposta da forma como vivemos, como esperamos essa mesma vinda, acolhendo-a cada vez mais e fazendo da nossa oração a atitude de esperança. Oração de quem não se deixa vencer pelo cansaço, de quem não «baixa os braços» como Moisés, mas acredita no auxílio, na força que vem do Senhor. Oração de quem insiste sem desistir como a viúva do evangelho. Oração de quem sabe esperar...
E, aprendamos com a Palavra, que escutamos cada domingo, que devemos conhecer um pouco mais, aceitando o conselho de São Paulo. Palavra, que ensina, persuade, corrige e forma, não apenas os outros, mas começando por nós próprios...

Que o Senhor a todos abençoe...

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Sinais da Palavra Tempo Comum 28

Jesus lembrou-o várias vezes nas suas palavras: «nenhum profeta é bem recebido na sua terra». São João, no prólogo do seu evangelho, também o reconhece: «veio para o que era seu e os seus não O receberam». E hoje, num contexto próprio da gratidão de um estrangeiro, perante a ingratidão de outros 9 leprosos israelitas também curados, Jesus diz-nos: «Não se encontrou quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro?»...
Porque, na nossa mentalidade, a gratidão só se manifesta para os de fora, para aqueles a quem se deve agradecer até pelas ditas «normas sociais». Parece quase ridículo termos de agradecer, de mostrar o nosso apreço e gratidão para os mais próximos, como se todas as acções e toda a sua vida fossem apenas uma obrigação para connosco, algo que está já predefinido e assim tem de acontecer, logo, sem necessidade até do mais básico sorriso de retribuição...
E, esta mentalidade, faz-nos até pensar a nossa relação com Deus nos mesmos modos. Não precisamos de agradecer aquilo que pensamos nosso por direito, que julgamos ser-nos devido... Parece que as nossas orações e a nossa fé são já motivos mais do que suficientes para o que recebemos, quase que uma obrigação que impomos a Deus... Até na forma como habitualmente pedimos...
E encerramos o Evangelho e a nossa fé a essa «obrigação» a que temos direito. E esquecemos que a fé, como nos lembra São Paulo, é mais uma missão do que um direito.. Mas, recordemos com gratidão as suas palavras, sinais dessa mesma gratuidade de Deus: «Se morremos com Cristo, também com Ele viveremos...»

Que o Senhor a todos abençoe...

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Sinais da Palavra Tempo Comum 27

«Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de caridade e de moderação.»
Estas palavras de São Paulo fazem pensar; afinal somos fracas testemunhas deste mesmo espírito de fortaleza que recebemos, quando vivemos timidamente a nossa fé, num mundo que diz «não acreditar»... é tão mais fácil seguir essa mesma corrente e viver de uma forma escondida a nossa fé...
E pensar em caridade num cenário de injustiça constante? Quando a violência é forma natural de trato entre os homens, clamar contra ela e tentar mudar seja o que for nos comportamentos? Quando são os violentos, os opressores que são donos e senhores do mundo? Mas, a justiça de Deus, a que não é feita nos tribunais, nem se mede pela força, mas sim pelo perdão e pelo verdadeiro Amor, de quem se dá sem medidas, «há-de vir e não tardará», como lembra o profeta.
Sem perder a esperança, mas aprendendo a esperar, com a certeza de quem sabe o que verdadeiramente espera, o cristão deve viver a sua fé, pedindo ao Senhor, como os Apóstolos: «Aumenta a nossa fé». Afinal, como lembra Jesus, é preciso acreditar com confiança: isso é que faz crescer e fortalece a nossa fé.
E depois de todo o esforço, de toda uma vida de trabalhos e preocupações, dizer com toda a naturalidade de quem sente que cumpriu a sua missão: «somos inúteis servos; fizemos o que devíamos fazer».

Que o Senhor a todos abençoe...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sinais da Palavra Tempo Comum 26

A história é intemporal: um homem rico, muito bem vestido, com todas as comodidades possíveis, que se banqueteia esplendidamente sem sequer pensar no homem pobre que jaz à entrada da sua casa.
Uma história que se repete continuamente, em qualquer parte do mundo, indiferente às mutações do mundo ou às tentativas organizadas de erradicar a pobreza. Porque hoje, como outrora, os que ouvem esta mesma história, fecham os ouvidos ao seu desfecho, a uma conclusão que fala de retribuição numa vida eterna que parece tão longe, tão inconsequente perante uma vida de luxos e de prazeres no imediato... Para quê pensar no depois e um depois eterno, quando o hoje já tem tanto para viver e aproveitar, numa riqueza que é pessoal e fechada?
Nem a certeza da ressurreição, dada em Jesus Cristo, faz o mundo pensar na eternidade. Esta continua a parecer uma promessa de tempos melhores feita apenas aos que nada mais têm para sonhar. E até esses, segundo o pensar do mundo de hoje, têm mais com que se preocupar, no imediato...
Vivemos um mundo em que parece não haver tempo nem para o passado, nem para pensar no futuro e onde apenas o bem-estar do presente parece importar...
Mas, já São Paulo lembrava ao seu amigo Timóteo que é preciso olhar e esperar a «aparição de Nosso Senhor Jesus Cristo», guardando «o mandamento do Senhor».
Que seja para nós o seu conselho: «combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna»...

Que o Senhor a todos abençoe...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Sinais da Palavra Tempo Comum 25

Espantamo-nos perante as crescentes injustiças sociais, perante um mundo em que os ricos são cada vez mais ricos e os pobres são cada vez mais pobres, desprezados, mesmo «roubados» nos seus bens...
Mas, as injustiças sociais, o «faremos a medida mais pequena, aumentaremos o preço, arranjaremos balanças falsas» de que fala o profeta Amós, que não são de hoje, encontram hoje novas formas de se expressar, ainda mais fortes na forma de enganar e de se aproveitar de quem, já por si, não se pode defender.
Como lembra o profeta, Deus não esquece «nenhuma das suas obras». Aliás, os crentes não só são convidados a denunciar estas injustiças, como são convidados a não participarem delas, a não as planearem e realizarem, a não se sentirem superiores face aos irmãos. Como escrevia um grande pensador dos nossos tempos: «um homem só tem o direito a olhar o outro de cima quando está a ajudá-lo a levantar-se»...
Por isso, Jesus não louva a desonestidade do administrador da sua parábola, mas sim o poder de decisão rápida, o não ficar parado, mas o agarrar uma decisão... mesmo que a sua decisão fosse também ela injusta...
E, como nos pergunta o evangelho: «se não fostes fiéis no que se refere ao vil dinheiro, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não fostes fiéis no bem alheio, quem vos entregará o que é vosso?»
Que o nosso coração não queira apenas servir ao «dinheiro», entenda-se aos «poderes deste mundo», nem deles se sirva para aumentar injustiças...

Que o Senhor a todos abençoe...

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Sinais da Palavra Tempo Comum 24

Somos um povo de «duras cervis», que com tanta facilidade se afasta do caminho traçado e procura acreditar mais em fantasias e imagens «de ouro» que vamos criando, do que no próprio Deus...
Hoje, não é um bezerro de metal fundido, mas tantas tecnologias e criações humanas em quem vamos depositando a nossa total confiança, sem necessitar de mais nada; até que essas esperanças falhem ou a tribulação seja maior; então voltamo-nos para Deus, a quem desconhecemos um pouco, porque nunca O procurámos ou quisemos conhecer.
Mas, mesmo assim, Deus procura-nos, acolhendo-nos apesar das nossas infidelidades: procura-nos como o homem que perde uma das cem ovelhas, colocando-nos aos ombros e anunciando a alegria do reencontro; procura-nos como a mulher que, com preocupação, procura em casa a dracma perdida, partilhando com os outros a alegria de a ter encontrado; espera-nos como o pai que ansioso, aguarda o regresso do filho a casa, mesmo depois de uma vida menos conseguida, acolhendo-o com um abraço e fazendo uma festa pelo filho ter voltado «à vida»...
Deus quer fazer a festa do perdão e do acolhimento, em cada Eucaristia, fazendo-nos sentir filhos amados e perdoados, à volta da mesma mesa onde, com alegria, todos podem participar, justos e pecadores.
Mas, nós somos filhos teimosos, tão preocupados em seguir os nossos caprichos e vontades, que não queremos reconhecer a bondade e o amor do Pai, que continua à nossa espera; tão fechados no nosso próprio mundo, que não queremos aceitar os irmãos perdoados e recusamos participar na festa da reconciliação...
E sem esse tomar consciência das nossas falhas, continuamos «mortos» no nosso pecado...

Que o Senhor a todos abençoe...

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sinais da Palavra Tempo Comum 23

Quando lutamos, tantas vezes, para compreender o que se passa à nossa volta, o que nos é visível, aceitamos com tão grande ingenuidade explicações fantasiosas para o que não vemos, para o que nos é mais difícil compreender.
Ultrapassada a ideia dos contos de fada e do imaginário infantil, parecemos procurar versões mais modernas e ainda mais carregadas de fantasia para conseguirmos viver um quotidiano, difícil por vezes, mas em que, desta forma, se algo correr mal, temos um «destino» ou outras forças a que culpar.
E vai-se vivendo, com base nesses discursos e explicações genéricas, cheias de uma nova fantasia, mas que ilibam de qualquer culpa, mais do que baseados na extraordinária capacidade do pensar e reflectir, a cada instante, a cada decisão tomada.
Depois, ficamos também nós a olhar para as inúmeras «torres» da vida que não fomos capazes de concluir, só porque não pensamos se seríamos capazes de o fazer antes... Depois, lamentamo-nos perante as inúmeras «guerras» perdidas, só porque não nos soubemos preparar para as travar... Depois, olhamos para a cruz e sentimo-la demasiado pesada, na nossa incapacidade de a transportar, só porque nunca a tomamos em nossas mãos e a sentimos nossa, preferindo acusá-la de ser um destino cruel e doloroso...
É Jesus quem diz: «Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu discípulo». E nós parecemos responder: «eu sigo-Te, Senhor, mas deixa-me acreditar em tantas outras coisas, que me apontam caminhos que parecem mais fáceis, menos penosos e onde eu não tenho de tomar decisões, mas apenas deixar que aconteça o ‘meu destino’»...
Mas, seguir é aceitar-Te, é aceitar essa mesma cruz, sinal do quanto nos amas...

Que o Senhor a todos abençoe...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sinais da Palavra Tempo Comum 22

Afinal, são os humildes que são exaltados? São louvados os que passam despercebidos e não se procuram engrandecer ou fazer notar? Os que não se valem dos seus «pergaminhos e títulos», mas se assumem quase numa sombra silenciadora?
Das duas, uma: ou o evangelho deste Domingo, secundado pela primeira leitura, do livro da Sabedoria, está completamente errado e as palavras de Jesus perdem a sua força; ou o mundo de hoje e os pseudo «famosos» e os jet-sets e seus patrocinadores (leia-se a chamada imprensa «cor-de-rosa») têm razão e afinal o verdadeiro louvor e a verdadeira força está num reconhecimento e fama humanos, por mais artificiais que sejam...
Mas, ainda que a actualidade e a sua forma de pensar e se expressar pareçam impor a sua lógica de busca de fama e de enaltecimento pessoal, o exemplo concreto e tão possível de Jesus dá que pensar... A ideia de ser convidado a dar o lugar a uma outra pessoa mais importante, em pleno jantar e à frente de todos os olhares, e passar pela humilhação de ter de passar para o fundo da mesa, dá que pensar...
E, ajudando este pensamento evangélico, a efemeridade mundana da própria fama e do reconhecimento global: quantas pessoas outrora quotidianamente faladas e «conhecidas», hoje são «ilustres» desconhecidos... Mas, mesmo assim, quantos e quantas não continuam a procurar essa mesma «fama»,,,
Aproximemo-nos dessas realidades mais humildes, mais invisíveis, mais duradouras, que só na vivência humilde e sincera da fé serão em nós esperança de eternidade...

Que o Senhor a todos abençoe,,,

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Sinais da Palavra Tempo Comum 21

Ninguém gosta de ser corrigido. Muitas das vezes, encaramos a correcção como uma ofensa quase, como um reconhecer das nossas incapacidades, como uma afronta às nossas expectativas, aos nossos desejos...
Mas, a verdadeira correcção, não a crítica humilhante e destruidora, ajuda a compor atitudes, a endireitar posturas, a recomeçar novos caminhos...
E é por isso, como lembra a Epístola aos Hebreus, que Deus nos corrige como um pai corrige o seu filho, para que O encontremos como caminho de vida eterna, para que a nossa forma de viver seja n’Ele fundada e para Ele dirigida.
E fazer de Cristo caminho de vida, é também anunciar e convidar os outros a seguir esse mesmo caminho, muitas vezes mais pelo exemplo do que pelos discursos e palavras. È ser profeta nos nossos tempos e com a própria vida...
E reconhecer em Cristo o caminho de salvação, não é apenas dizer-Lhe «comemos e bebemos contigo e tu ensinaste nas nossas praças», como nos lembra o evangelho. É tomar toda uma atitude de vida que seja coerente e seguir por um caminho, por uma porta que às vezes é tão estreita e por isso obriga a deixar para trás tantas coisas que por ela não passam, mas porta verdadeira para uma alegria que nunca mais terá fim...

Que o Senhor a todos abençoe...

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Sinais da Palavra Assunção de Nossa Senhora

Maria é, sem dúvida, um sinal grandioso, que desde a sua Assunção aos Céus, elevada em corpo e alma, nos interpela e convida a olhar, desde já, a alegria da eternidade...
Mulher admirável, que sendo Mãe do Salvador, dá o seu Filho a todos os homens que o querem acolher, aceitando também ser Mãe de todos esses mesmos homens, protegendo-os com seu amor maternal e encaminhando-os com a sua poderosa intercessão para essa mesma glória celeste, onde ela, como «Rainha do Céu», se encontra «ornada do ouro mais fino»...
Maria elevada ao céu em corpo e alma é um dos mais sublimes anúncios da nossa própria ressurreição: Mãe de uma Humanidade que, como ela, é reconduzida por Deus a essa Vida sem fim, prometida antes do pecado humano que dela nos afastou, mas pecado esse que foi vencido por Cristo. E porque é sinal de uma nova Humanidade, que em Cristo se torna vencedora do pecado e da morte, Maria foi preservada de ambos: do pecado, desde a sua Imaculada Conceição; da morte, ao ser elevada ao Céu, na sua gloriosa Assunção, como algo em que profundamente e desde há muito acreditamos...
Por isso, com Santa Isabel, também nós a proclamamos «bendita és tu entre as mulheres», quando em tantos momentos lhe rezamos com amor e devoção. E também lhe reconhecemos a bem aventurança infinita «daquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor».
E por isso, também o cântico de Magnificat, que Maria fez seu na Visitação, é também o cântico que com ela repetimos, todos nós que queremos aprender da humildade e da vida daquela Mãe que invocamos e que também, como todas as gerações, reconhecemos como a bem-aventurada, que no Céu, para sempre intercede e espera por nós...

Que o Senhor a todos abençoe...

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Sinais da Palavra Tempo Comum 19

O que é para nós a fé?
O que significa acreditar? Esperar algo mais? Olhar e procurar essa pátria celeste?
«A fé é a garantia dos bens que se esperam e a certeza das realidades que não se vêem», diz-nos a Carta aos Hebreus. Não vemos, mas sabemos reais e por isso as esperamos. Se não acreditarmos profundamente nestas mesmas realidades, que sentido tem então a nossa fé?
Mas, acreditar, não é apenas esperar... Como Abraão, é pôr-se a caminho de uma nova pátria, que ainda que não conheçamos muito bem, sabemos real. E, por isso, sabemos que aqui somos todos apenas temporários, de passagem, estrangeiros... E caminhamos, não sempre com saudades do que vai ficando para trás, mas lançando-se na aventura do caminhar confiante, de quem se sente parte de um mesmo povo peregrino, mas herança do Amor de Deus.
E caminhamos, estando alertas, sempre preparados para acolher o Senhor que vem e a quem tantas vezes dizemos esperar, ao dizer. «Vinde, Senhor Jesus»...
E vamos preparando um «tesouro inesgotável nos céus, onde o ladrão não chega nem a traça rói». Um tesouro para onde nos vai chamando o nosso coração, um coração que se vai então renovando, em novas formas de viver, procurando conhecer e cumprir a vontade do Senhor...
Afinal, é o que dizemos quando rezamos: «seja feita a vossa vontade»...

Que o Senhor a todos abençoe...

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Sinais da Palavra Tempo Comum 18

Afinal, onde colocamos o nosso coração? A que nos vamos prendendo ao longo da vida? Onde vamos guardando a nossa esperança?
Faz-nos pensar a frase tantas vezes ouvida: «até o que levamos é o que nos põem». Como ela vai de encontro ao que o Senhor Jesus diz no evangelho: «Insensato! Esta noite terás de entregar a tua alma. O que preparaste, para quem será?»
Quantas inquietações, quantos problemas, quantas insónias, quantos aborrecimentos... para se alcançar um pouco mais nesta vida, que é tão incerta e passageira como o vento. Só para se amealhar um pouco mais, para se viver mais «desafogadamente», ou, simplesmente porque a sociedade de hoje nos ensinou a conjugar a tirania do ter e ter cada vez mais...
E afinal, tudo isso é tão passageiro, que nem lhe podemos chamar verdadeiramente nosso. Hoje tem-se, amanhã poderá já não ser assim... Aliás, quem nos garante que haverá mesmo um amanhã?
Diz-nos o livro da Sabedoria: «quem trabalhou... tem de deixar tudo a outro que nada fez». Sim, porque aqui deixamos tudo, excepto aquele outro tesouro que Jesus nos ensina a acumular, o tesouro do céu. Esse, não o levamos connosco, mas espera-nos como certeza de eternidade...

Que o Senhor a todos abençoe...

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Sinais da Palavra Tempo Comum 17

Como nos aborrecemos com facilidade perante os pedidos dos outros… Mesmo quando eles vêm daqueles que consideramos os nossos maiores amigos… Quando são os outros a pedir, e então se o fazem com insistência, olhamos com desconfiança esse pedido… Mas, não pensamos do mesmo modo quando somos nós a pedir…
Mas, é o próprio Jesus que nos diz no evangelho «pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei à porta e abrir-se-vos-á. Porque quem pede recebe; quem procura encontra e a quem bate à porta abrir-se-á.» Ensina-nos a não desistir quando o nosso pedido é legítimo e verdadeiro. Ainda que sejamos tão insistentes que pareçamos «chatos» como Abraão pedindo a Deus que não destrua as cidades de Sodoma e Gomorra».
Temos todos tanto a aprender nesta arte do saber pedir, do saber rezar… Mesmo quando dizemos «Pai nosso», será que sentimos que é ao Pai que nos ama, ao Pai que nos atende quando o invocamos, ao Pai que nos dá o Espírito Santo para que em nós reze, que nos dirigimos, a Quem entregamos os nossos sentidos pedidos? E tantas vezes rezamos o Pai Nosso, não com a insistência de quem se sabe escutado, de quem acredita no amor que retribui, mas com a distracção de quem reza, só porque está já habituado a fazê-lo…
Só que nós, na nossa forma habitual de ver as coisas, continuamos mais predispostos a receber do que a dar, a reclamar do que a saber pedir, a repetir do que a aprender a rezar…

Que o Senhor a todos abençoe.

Simbolos dos Dons do Espírito (a usar em ofertório, por exemplo)


1.     Sabedoria (símbolo: Coração)
Vem, Espírito de Sabedoria!
Só Tu conheces o nosso coração, as inquietações e anseios que nele vão crescendo. Ensina-nos a viver a sabedoria que sempre procura a eternidade, a verdade a viver e a anunciar. Faz que o bater do nosso coração seja ao ritmo dessa mesma procura da Verdade...

2.     Entendimento (símbolo: Bíblia)
Vem, Espírito de Entendimento!
Inunda-nos com a Palavra revelada, aquela mesma Palavra que recebemos um dia, numa das festas da Catequese, mas a que nem sempre demos a devida atenção ou soubemos escutar. Faz-nos compreender Deus que nos fala na Palavra de ontem, hoje e de sempre...

3.     Conselho (símbolo: Lanterna)
Vem, Espírito de Conselho!
Ilumina os nossos passos de fé, por vezes incertos e cheios de timidez. Que a luz do Teu Conselho nos faça ver mais do que este mundo propõe, ver mais além e mais claro, ver que o nosso futuro é também contigo e com a comunidade, fazendo crescer esta Igreja que Tu iluminas e na qual também nós somos pedras importantes...

4.     Fortaleza (símbolo: Escudo)
Vem, Espírito de Fortaleza!
Dá força ao nosso caminhar, à nossa forma jovem mas sincera de viver a fé, de caminharmos a cada dia contigo, mesmo no meio das adversidades e crises desta vida. Porque Tu és a força, a coragem que recebemos e nos ajuda, e nos protege...

5.     Ciência (símbolo: Bússola ou Rosa dos Ventos)
Vem, Espírito de Ciência!
Mostra-nos o caminho a seguir, aquela voz interior que nos chama e que nem sempre sabemos escutar no meio do barulho dos nossos dias. Indica o rumo da esperança, para que nunca percamos o norte, mas em Ti, digamos um «sim» generoso à vocação a que nos chamas...

6.     Piedade (símbolo: Atitude de entrega)
Vem, Espírito de Piedade!
Ensina-nos a amar a Deus, sem medos nem reservas, ao longo de toda a nossa vida. Que a nossa disponibilidade seja verdadeira, aprendendo a viver a alegria de quem se entrega, de quem se oferece ao Senhor da Vida, vivendo assim de forma plena...

7.     Temor de Deus (símbolo: pequena flor)
Vem, Espírito de Temor de Deus!
Guia-nos ao respeito verdadeiro para com Deus e toda a sua Criação. Que saibamos ver o Amor de Deus para connosco até nas mais pequenas e simples coisas da vida, respondendo também com o nosso amor...

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Sinais da Palavra Tempo Comum 16

Receber, hospedar, acolher...
Quando cada vez mais as portas se fecham, quando a desconfiança cresce desmedidamente, quando olhamos os outros como estranhos, mesmo os que nos são mais próximos, o convite à hospitalidade parece cada vez mais não ter lugar.
E, embora a imagem dos portugueses como um povo que gosta de receber e acolher seja mesmo um marco histórico, até consagrado na hospitalidade como lema de algumas terras e regiões como cantado nos seus hinos, o certo é que hoje receber tem cada vez mais um significado do que ganhamos com um «disfarçado» acolhimento, ou seja, também o acolhimento se mede já na medida do que ganhamos com isso...
Quando acolheu os três viajantes, Abraão estava longe de pensar na promessa de um filho que lhe é feita no final da sua estadia. E, afinal, acolher é apenas manter o coração aberto aos outros, a esta capacidade de sentir-se próximo daqueles que, tal como nós, são apenas «viajantes» nesta vida...
Também Marta e Maria acolheram Jesus em sua casa... Mas Marta, demasiado preocupada e atarefada com «a arte de bem receber», segundo as normas sociais, não tem tempo ou disponibilidade para acolher o que de melhor Jesus lhe quer oferecer naquele momento: a Sua presença na própria vida, a Sua Palavra. Maria escolheu este acolhimento, sentada aos pés de Jesus, com tempo para escutar o que Jesus lhe diz. E como diz Jesus, essa «melhor parte, (...) não lhe será tirada.
Realmente, é uma questão de escolha. E tantas vezes, preferimos escolher a desculpa do «não ter tempo» do que saber acolher a Palavra, o próprio Deus que nos dá o tempo de vida, que dizemos «não ter»...

Que o Senhor a todos abençoe...

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Sinais da Palavra Tempo Comum 15

Quando algo está longe, sentimos saudade; quando está perto, habituamo-nos de tal forma à sua presença, que nem sempre lhe damos o devido valor...
Se tivéssemos de subir ao mais alto dos céus, ou atravessar os mares, ou nos fosse pedido o maior dos sacrifícios visíveis, talvez nem pensássemos duas vezes...
Mas, como o mandamento novo do Senhor, «amarás o próximo como a ti mesmo», está tão perto, «está na tua boca e no teu coração, para que o possas pôr em prática», como diz o livro do Deuteronómio, habituamo-nos a arranjar desculpas para não o viver, para o pensar tão difícil e impossível, para até perguntarmos como o doutor da lei a Jesus: «e quem é o meu próximo?»...
Somos capazes de participar, sensibilizados pelas imagens e informações que nos chegam pelos mais diversos meios, em campanhas de ajuda para com outros países ou mesmo para com outras regiões. E ainda bem que o vamos fazendo, não fechando totalmente o nosso coração no egoísmo...
Mas, quando se trata de ajudar quem está perto, aquele por quem passamos habitualmente, rapidamente arranjamos desculpas para não o fazer... E afinal, é preciso tão pouco para ser «bom samaritano»; basta ter compaixão...
Afinal, não custa amar quem está longe; basta recordar e sentir... Mas, amar quem está perto, quem nos é próximo, custa um pouco mais, já que nos pede gestos e atitudes concretas, de quem convive, de quem tantas vezes limpa e cuida feridas, de quem se habitua a ver o outro frágil e prostrado no chão, à espera de uma mão amiga que ajuda a levantar...

Que o Senhor a todos abençoe...

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Sinais da Palavra Tempo Comum 14

Quantas glórias vãs o mundo de hoje propõe e procura...
Algumas, mesmo inconscientemente, fazem parte dos nossos sonhos diários, daquilo que procuramos continuamente. Desejamos a fama, a glória, os aplausos, as riquezas deste mundo... E como estamos longe da atitude e palavras de São Paulo: «longe de mim gloriar-me, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo».
Mas, a cruz está tão longe do nosso dia-a-dia... e afastamo-la ainda mais, porque a vemos como sinal de um sofrimento que não queremos, que não é desejado...
E pensamos sempre no imediato, numa felicidade visível e instantânea, ainda que tão instável e sem consequências...
Também nós, como os 72 discípulos enviados pelo Senhor, olhamos para a ânsia de frutos imediatos, numa vida que se meça por estatísticas e que traduza o que se vê... Mas, o que não se vê, mas lança raízes no mais profundo do coração e da vida, fica esquecido e perde importância...
Desde o princípio, o envio é claro: não é uma questão de números, até porque os próprios trabalhadores são poucos.
E a verdadeira força do trabalho não é nossa; saibamos pedi-la ao «dono da seara», partindo não confiados nas nossas «riquezas» da bolsa ou do alforge, nem na força dos «quilómetros» percorridos pelas nossas «sandálias», ou nos «muitos conhecimentos» dos que saudamos pelo caminho, mas sim na força d’Aquele que nos envia, a viver a vida em plenitude...

Que o Senhor a todos abençoe...

terça-feira, 29 de junho de 2010

Eu Creio X… Uma Igreja que é… e espera…


Há vários cânticos, frases, cartazes, expressões que traduzem esta ideia de que somos Igreja… Mas quem é este «somos»? Quem é a Igreja?
Mais uma vez, várias leituras, variadas formas de encarar a questão, de acordo com o que queremos dizer, com a postura assumida, com o momento vivido…
Se a atitude é a de condenação e de crítica, a «Igreja» são os padres e os bispos, aqueles que «decidem e impõem», que «acabam com tradições e a querem destruir», «os que não ouvem e apenas sabem mandar», mesmo que só os procuremos quando precisamos de alguma celebração que queremos «à nossa maneira», ao jeito de «produto de supermercado».
Se a atitude porém é a de louvor e engrandecimento, ou de expressar opiniões sobre as suas formas e expressões, em especial em momentos de festas, a Igreja somos todos nós, mesmo aqueles que apenas lá vamos em celebrações muito próprias e em que tudo parece «servido à la carte», aos nossos gostos e vontades.
Segundo o Catecismo da Igreja Católica, a Igreja é «o povo que Deus convoca e reúne de todos os confins da Terra, para constituir a assembleia daqueles que, pela fé e pelo Baptismo, se tornam filhos de Deus, membros de Cristo e templo do Espírito Santo», ou seja todos os que pelo Baptismo se unem pela mesma fé. E isto implica logo uma mudança de atitude. Porque, se acreditamos, unimo-nos num só povo, numa só Igreja. E se nos sentimos membros dessa mesma Igreja, então é porque acreditamos, porque queremos viver e partilhar com tantos outros essa mesma fé…
E dizemos «creio na Igreja una, santa, católica e apostólica», às vezes, porém, sem reflectir o que estamos a dizer.
Una, porque também procuramos unir uma Igreja tão separada e dividida pelas atitudes humanas; porque deve ser unida uma comunidade que partilha uma única e mesma fé; porque não é apenas intenção que ela se una, como no pedido de Jesus Cristo «que todos sejam um», mas tem de ser vontade e realidade de todos que haja verdadeira união, comunhão de vida. Mas, falamos em união, não apenas a nível universal, mas união até com aquele vizinho com quem não falamos, mas que partilha a mesma celebração connosco…
Santa, não porque sejamos todos santos ou mesmo até «santinhos», mas santa em seus princípios e no convite constante a caminhar para essa santidade a que Jesus convida, santidade que não é «tinta» de gestos e posturas mais «beatíficas», mas viver verdadeiramente no amor, nesse mandamento novo do «amar ao próximo como a si mesmo»…
Católica, não porque a sua sede seja Roma, mas porque a sede sobre a qual ela se edifica é a Verdade, anunciando-a, vivendo-a, proclamando-a. Verdade que é mais do que conjunto de afirmações, mas o próprio Jesus Cristo, que recebemos e anunciamos, centro, princípio e fim deste povo unido e que acredita…
Apostólica, porque alicerçada sobre os Apóstolos, sobre uma Tradição que se mantém e é transmitida ininterruptamente até aos nossos dias, desde as suas origens…
Mas, também uma Igreja que espera, não fantasias e sonhos, mas realidades concretas: «a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há-de vir», como dizemos…
E partilhamos esta mesma esperança, uma esperança de vida eterna, com toda uma Igreja que clama em uníssono: «Vinde, Senhor Jesus!».

terça-feira, 22 de junho de 2010

Sinais da Palavra Tempo Comum 13


A tendência que habitualmente sentimos é a da habituação, a de vivermos hábitos.
Pensamos, por vezes: «isto é mau, mas podia estar pior»; e com isto vamos inventando desculpas para «deixar andar», para nos irmos aprisionando por dentro às situações. E esquecemos ou mal interpretamos a liberdade que nos é concedida, só porque é sempre mais fácil culpar os outros ou algo pela falta, ou melhor dito, pelo não uso que fazemos dessa liberdade, do que lutar por ela, libertando-a em nós. Contudo, São Paulo lembra o verdadeiro sentido desta liberdade, ao dizer: «não fazeis o que quereis».
E, viver a vida, é estar sempre pronto a partir, como diziam os antigos pensadores. Até porque a vida não está parada, estagnada nos nossos hábitos e vontades, mas implica sempre mudanças, deixar para trás tantas vezes família, comodidades ou até mesmo «os mortos», o que em nós vai mudando e a que vezes sem conta nos agarramos. E seguir Jesus é deixar tudo isto para trás… E anunciar o Reino de Deus é apresentar este mundo de mudança, de caminho a percorrer, tendo muitas vezes que «queimar o próprio arado», como fez o profeta Eliseu, porque agora o trabalho a realizar é outro e o «arado», outrora essencial ao trabalho, agora seria apenas mais um estorvo.
E como nos é difícil fazer esta distinção entre o que precisamos e o que nos vai «prendendo» e atrasando nesta vida. Como prometemos ao Senhor que O queremos seguir, mas rapidamente olhamos para trás, e logo surgem motivos para adiar por mais um tempo essa tomada de decisão, mesmo que eles nos pareçam os mais legítimos…
O convite é claro e simples: «Segue-Me!»… Assim, desta mesma forma, deveria ser a resposta…
Que o Senhor a todos abençoe...

Símbolos que engrandecem


Ainda não há muito tempo, era discutida em praça pública a possível alteração de um dos símbolos nacionais – o Hino – o que levou também à consequente discussão da necessidade de um maior conhecimento sobre os símbolos nacionais e o que representavam.
Com uma letra considerada por alguns como um incentivo à guerra e à violência, que não reflectem a postura nacional sobre esta questão, (esquecendo o aspecto histórico e não meramente actual do símbolo em questão), a conclusão a que este debate levou foi ela mesma mais preocupante do que o próprio debate: muitos portugueses desconheciam (desconhecem, atrever-me-ia eu a dizer) o Hino Nacional.
E mais do que centrar a discussão em torno do grito histórico e de exaltação da defesa do território nacional, o «Às armas! Às armas!», (muito necessário noutras épocas), olhemos para toda uma letra que convida a olhar para essa mesma identidade que recebemos ao nascer portugueses, para toda a história e tradição herdada, para todo um passado que fez deste «rectângulo à beira mar plantado» uma grande nação, acima de tudo um país que se orgulha de o ser.
E passa-nos tantas vezes despercebido o «levantai hoje de novo o esplendor de Portugal»… Um esplendor feito história, inspirado num passado tantas vezes desconhecido, mas um esplendor feito ânsias de um futuro, onde não desapareçam virtudes e valores que ajudaram a construir o país e o ajudarão, certamente, a manter um rumo e criar horizontes e objectivos a cumprir.
O «levantar de novo» uma educação com princípios e que não ande ao sabor de correntes ou opiniões pessoais; um espírito colectivo, onde o respeito e a felicidade sejam possibilidades a procurar por todos e para todos, e não o guerrear de vontades e caprichos pessoais; uma identidade, onde há espaço para cada um e para todos, nas suas diferenças e igualdades, onde os direitos não se sobrepõem aos deveres, e onde se respeitam ideologias e crenças, sem as considerar coisas do passado ou alvos a abater por «políticas mais escondidas» …
Levante-se, de novo, Portugal… Não um pequeno país, não o país dos problemas e das intrigas, mas esse «nobre povo», onde o que enaltece não são os números ou as festas de «fogo de vista», mas sim a vontade de crer, de querer e do sonhar…
E como dizia Fernando Pessoa, logo após o tão conhecido e divulgado «Deus quer, o homem sonha, a obra nasce», «Senhor, falta cumprir-se Portugal!» …

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Sinais da Palavra Tempo Comum 12

E se também a nós, Jesus perguntasse: «E vós, quem dizeis que Eu sou?»
Certamente, muitas e diversas respostas surgiriam... Mesmo nós, daríamos respostas diferentes consoante o momento que vivemos, influenciadas pelo nosso estado de espírito e por tantas coisas que nos rodeiam... Certamente, iríamos procurar formular uma resposta mais cuidada, mais teológica, com base em algo que lemos ou que nos foi dito... Procuraríamos cuidar e pensar bem uma resposta que deveria ser espontânea...
Mas, a pergunta de Jesus apanha-nos de surpresa, como aos discípulos... E não espera grandes respostas bem formuladas, mas sim a resposta de uma certeza de vida, como a de Pedro. Uma resposta de profunda fé, daquele mesmo anseio, daquele mesmo desejo que expressa a frase repetida «a minha alma tem sede de vós, meu Deus».
E, nos momentos de sofrimento e de dor, em que nos voltamos ansiosos e até mesmo com dúvidas para um Deus que pensamos ausente, lembremos como o próprio Jesus anuncia aos discípulos que a salvação passa por esse mesmo sofrimento do Filho de Deus e do Homem, rejeitado e crucificado, mas ressuscitado e vivo, força para os que n’Ele crêem.
E o caminho para O seguir, para com Ele entrar na vida eterna, é o que o próprio Cristo nos apresenta: «renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me»...

Que o Senhor a todos abençoe...