Mais uma vez, várias leituras, variadas formas de encarar a questão, de acordo com o que queremos dizer, com a postura assumida, com o momento vivido…
Se a atitude é a de condenação e de crítica, a «Igreja» são os padres e os bispos, aqueles que «decidem e impõem», que «acabam com tradições e a querem destruir», «os que não ouvem e apenas sabem mandar», mesmo que só os procuremos quando precisamos de alguma celebração que queremos «à nossa maneira», ao jeito de «produto de supermercado».
Se a atitude porém é a de louvor e engrandecimento, ou de expressar opiniões sobre as suas formas e expressões, em especial em momentos de festas, a Igreja somos todos nós, mesmo aqueles que apenas lá vamos em celebrações muito próprias e em que tudo parece «servido à la carte», aos nossos gostos e vontades.
Segundo o Catecismo da Igreja Católica, a Igreja é «o povo que Deus convoca e reúne de todos os confins da Terra, para constituir a assembleia daqueles que, pela fé e pelo Baptismo, se tornam filhos de Deus, membros de Cristo e templo do Espírito Santo», ou seja todos os que pelo Baptismo se unem pela mesma fé. E isto implica logo uma mudança de atitude. Porque, se acreditamos, unimo-nos num só povo, numa só Igreja. E se nos sentimos membros dessa mesma Igreja, então é porque acreditamos, porque queremos viver e partilhar com tantos outros essa mesma fé…
E dizemos «creio na Igreja una, santa, católica e apostólica», às vezes, porém, sem reflectir o que estamos a dizer.
Una, porque também procuramos unir uma Igreja tão separada e dividida pelas atitudes humanas; porque deve ser unida uma comunidade que partilha uma única e mesma fé; porque não é apenas intenção que ela se una, como no pedido de Jesus Cristo «que todos sejam um», mas tem de ser vontade e realidade de todos que haja verdadeira união, comunhão de vida. Mas, falamos em união, não apenas a nível universal, mas união até com aquele vizinho com quem não falamos, mas que partilha a mesma celebração connosco…
Santa, não porque sejamos todos santos ou mesmo até «santinhos», mas santa em seus princípios e no convite constante a caminhar para essa santidade a que Jesus convida, santidade que não é «tinta» de gestos e posturas mais «beatíficas», mas viver verdadeiramente no amor, nesse mandamento novo do «amar ao próximo como a si mesmo»…
Católica, não porque a sua sede seja Roma, mas porque a sede sobre a qual ela se edifica é a Verdade, anunciando-a, vivendo-a, proclamando-a. Verdade que é mais do que conjunto de afirmações, mas o próprio Jesus Cristo, que recebemos e anunciamos, centro, princípio e fim deste povo unido e que acredita…
Apostólica, porque alicerçada sobre os Apóstolos, sobre uma Tradição que se mantém e é transmitida ininterruptamente até aos nossos dias, desde as suas origens…
Mas, também uma Igreja que espera, não fantasias e sonhos, mas realidades concretas: «a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há-de vir», como dizemos…
E partilhamos esta mesma esperança, uma esperança de vida eterna, com toda uma Igreja que clama em uníssono: «Vinde, Senhor Jesus!».
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