Receber, hospedar, acolher...
Quando cada vez mais as portas se fecham, quando a desconfiança cresce desmedidamente, quando olhamos os outros como estranhos, mesmo os que nos são mais próximos, o convite à hospitalidade parece cada vez mais não ter lugar.
E, embora a imagem dos portugueses como um povo que gosta de receber e acolher seja mesmo um marco histórico, até consagrado na hospitalidade como lema de algumas terras e regiões como cantado nos seus hinos, o certo é que hoje receber tem cada vez mais um significado do que ganhamos com um «disfarçado» acolhimento, ou seja, também o acolhimento se mede já na medida do que ganhamos com isso...
Quando acolheu os três viajantes, Abraão estava longe de pensar na promessa de um filho que lhe é feita no final da sua estadia. E, afinal, acolher é apenas manter o coração aberto aos outros, a esta capacidade de sentir-se próximo daqueles que, tal como nós, são apenas «viajantes» nesta vida...
Também Marta e Maria acolheram Jesus em sua casa... Mas Marta, demasiado preocupada e atarefada com «a arte de bem receber», segundo as normas sociais, não tem tempo ou disponibilidade para acolher o que de melhor Jesus lhe quer oferecer naquele momento: a Sua presença na própria vida, a Sua Palavra. Maria escolheu este acolhimento, sentada aos pés de Jesus, com tempo para escutar o que Jesus lhe diz. E como diz Jesus, essa «melhor parte, (...) não lhe será tirada.
Realmente, é uma questão de escolha. E tantas vezes, preferimos escolher a desculpa do «não ter tempo» do que saber acolher a Palavra, o próprio Deus que nos dá o tempo de vida, que dizemos «não ter»...
Que o Senhor a todos abençoe...
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