Recebemos, não para enterrar e não deixar crescer, mas para fazer render, para multiplicar, para dar uso ao recebido…
Uma vida que é enterrada e fechada em si mesma, com medo de se perder, não pode render, porque acaba por não ser vivida… É como aquele objecto precioso, frágil, de que gostamos muito e por isso nem deixamos ninguém tocar… acaba por ficar sempre guardado, em exposição, mas sem poder ser tocado, sem ser usado, para que não se parta ou estrague, mas sem uso algum…
Algumas vidas acabam, elas próprias, por ser assim… tão valiosas, que na sua intocabilidade acabam por não ser tocadas, usadas, vividas… E quando se entregarem, nada renderam, como o escondido «talento na terra»…
E, tal como aquele servo da parábola, até pensamos que cumprimos: pelo menos não «perdemos» a vida como tantos; mas também não a arriscámos viver… e nada de novo podemos apresentar ao Senhor que no-la confiou…
E vamos deixando que a nossa fé, a nossa vida, escondidas, vão adormecendo em rotinas e hábitos, que já nos parecem tanto, mas que nada rendem. Esquecemos o alerta de São Paulo: «não durmamos como os outros, mas permaneçamos vigilantes e sóbrios».
Afinal, imersos na luz a que pertencemos, é tão mais fácil fazer a nossa vida render eternidade…
Que o Senhor a todos abençoe...
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